20 julho 2009

Gary Hill no Oi Futuro RJ

Language Willing (2002)

Wall Piece (2000)

Viewer (1996)




RIO - O americano Gary Hill chegou ao Rio na última quinta-feira com o hard drive de seu computador e uma luz estroboscópica na bagagem. Era só do que ele precisava para a exposição "O lugar sem o tempo", que será inaugurada nesta segunda-feira no Oi Futuro, com curadoria de Marcelo Dantas. Um dos mais importantes videoartistas em atividade, Hill volta ao país após 12 anos, trazendo cinco obras que, para ele, mais do que vídeos, são um modo de falar sobre linguagem, unindo palavras, sons e sensações:
- Nem sei o que é videoarte hoje - diz Hill. - Comecei com esculturas, e meu trabalho ainda tem um forte aspecto escultórico. Quando passei a trabalhar com mídia, eu usava os equipamentos da empresa à noite, sozinho, experimentando. Lembro de pôr uma câmera sobre a minha barriga e fazer sons, só para que ela se movesse. Comecei a pensar por trás da visualidade da imagem, em como ela se revela e se obscurece, e a trabalhar com uma quebra de linguagem em vários pedaços.
Servindo-se ou não do corpo dele, as videoinstalações de Hill são físicas. Homens encaram a câmera como se estivessem de fato em frente ao espectador. Hill se joga contra a parede, soltando uma palavra a cada batida. Pressiona partes do corpo contra um fundo preto, enquanto ecoam sons de baixa frequência. São todos vídeos simples e diretos, e frequentemente originados de uma ideia ou uma cena.
Uma das obras mais emblemáticas da forma direta e sintética como Hill trabalha a linguagem é "Wall piece" (2000). A cada batida do corpo na parede, o artista solta uma palavra, e uma luz estroboscópica é lançada sobre ele. Na instalação, outra luz estroboscópica é acionada fora do vídeo, criando um contraste de luzes que se sobrepõem e se alternam.
Hoje, as obras de Hill estão espalhadas pela internet, e ele próprio, recentemente, começou a lançar alguns trabalhos na rede. Mas já está repensando a atitude.
- Primeiro, a vibração da internet é muito suave. Mas, principalmente, é como ir a um salão repleto de atrações, que podem ou não ter qualidade. Tem a ver com o contexto, em como vemos e experimentamos algo. Você está num estado diferente quando vê vídeos na internet - diz ele, que não se fascina com os recursos crescentes da tecnologia.
- A questão não é o tamanho das possibilidades que temos, mas justamente como delimitar essas possibilidades.
Fonte: O Globo

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