Bom, quem frequenta o IARTE já conhece, mas este é o elefantinho branco. Um projeto muito bacana que tem sido levado pelo nosso amigo Fabrício e que objetiva levantar o povo do instituto pra fazer arte e mostrar que ela existe na Uerj, mesmo que pelos seus becos, cantinhos de corredores e submundos. Acho ótimo, e tenho muita fé que vamos conseguir dar maior visibilidade para o nosso curso, seja ganhando mais espaço, seja carregando o público para os nossos pequenos espaços. O importante é a nossa atitute, como faremos pra aproveitar muito bem o que temos, e lutar por mais.
então, copiando/colando o recado da próxima reunião:
Pessoal, Na última reunião foi cobrado um pouco mais de firmeza no andar do elefantinho. Para isso é preciso a formação de um grupo sólido que encabece esse movimento. Sei que é difícil para muitos comparecer as reuniões, mas a próxima definirá os integrantes do primeiro momento, o de elaboração do projeto. Por isso peço para que venham participar da próxima reunião no dia 30 de maio de 2008 (sexta-feira) as 14:00 no ateliê do Instituto. Vontade e disponibilidade são as palavras-chave deste encontro. Os que não puderem se comprometer minimamente que contribuam como colaboradores, mas saibam que o elefantinho precisa de gente presente para caminhar. Às pessoas que forem, peço que retornem por e-mail oelefantinhodearte@gmail.com
confirmando a presença e eu enviarei alguns materiais interessantes para a próxima reunião. Abraços.
Conto com vocês,
Elefantinho.
28 maio 2008
copos, luz e cores...
fotografias:
copos
líquidos
lanterna
não usei photoshop nessas (!)
mais em: www.flickr.com/caroux_/
queridos,
o blog está ficando muito bom! parabéns a todos :D
25 maio 2008
Um trabalho de faculdade...
Senhores (as), faz algum tempo, na aula de Tópicos Especiais em Artes Visuais, cuja professora é a artista plástica e doutora Cristina Salgado, foi-nos requerido um trabalho prático que tratasse sobre a questão da Nostalgia, sob a ótica das nossas leituras em sala, eminentemente psicanalíticas, conduzidas pela profª artista supracitada.
Meu trabalho acabou sendo um texto, o que foi criticado de certa forma, pois um texto não tem o caráter imediato de uma obra de arte, o que eu compreendo e concordo. Eu sou um pouco preguiçoso mesmo!
Mas aqui envio o texto, para apreciação geral e etc...
Abraços,
Alexandre Marzullo
SOBRE NOSTALGIA
Começo o trabalho desculpando-me sinceramente. Sim, pois não irei conseguir realizar uma obra nostálgica ou de caráter semelhante. Não conseguirei e não quererei conseguir. Gosto de minhas lembranças? Sim. Tenho orgulho e carinho por elas? Sim. O que me impede então?
Eu me considero jovem. Tenho 23 anos, completados dia 23 de abril, e estou cursando o 5º período da faculdade de Artes. Entretanto, só passei em uma 1 matéria do 4º (fase conturbada!). Sou o primeiro de dois a vir ao mundo, tenho uma namorada e bons amigos. Minha família é pequena e tenho grandes aspirações para o futuro.
Futuro.
Futuro, presente, passado. Uns colocam o pote d’ouro à frente, outros preferem anos dourados que não voltam mais. Infância, arcádia, sucesso duradouro, dinheiro não traz felicidade mas ajuda a comprar. Tudo na base do fui e do irei; o “sou” é difícil, inconstante, evasivo. Sou implica em ser e ser pode ser lido como estar. Neste sentido, estar adquire caráter temporário, pois se estou é porque ou não estava antes ou não virei a estar depois. Ambos os raciocínios se conectam então à idéia de tempo. Mas, o que é o tempo?
Quando me lembro de determinados fatos, que me aconteceram nos anos mais jovens, não é raro sentir novamente as emoções de então. Penso também nos chamados “traumas” de guerra, as lembranças freqüentes que se freqüentam. De certa maneira, é como se, ao lembrarmos-nos, nós as revivêssemos revendo as mesmas. Me recordo, agora, de uma passagem daquele clássico livro do Arnheim (Arte e Percepção Visual), onde ele diz que ver é interpretar a realidade (algo do tipo). E interpretar é sentir. Onde está o tempo nesta equação? Quando temos acesso ao passado no presente, a partir das memórias, a linearidade temporal se dobra sobre si mesma; a ordem exata dos eventos se torna confusa e imprecisa. Com um pouco mais de introspecção, talvez ela se torne inexistente. É o que nos revela, por exemplo, o mistério da Sagrada Trindade Cristã, em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo (um ancestral sobrenatural dos mesmos, ou a essência que perpassa de geração em geração) são a mesma e única coisa. O escritor James Joyce também abordou este tema em sua obra Ulisses, onde o personagem Stephen Dedalus versa sobre o enigma de Hamlet, de Shakespeare, interpretando o fantasma do pai como um espectro do próprio filho, o qual por sua vez não era outro senão seu pai. “Trans-substanciação, consubstanciação, mas não sub-substanciação.” Neste instante, já não tenho mais 23 anos – sou intemporal, atemporal. Sou o resultado e causa da História da Humanidade, do Mundo, da Vida ( tão mortal quanto posso ser), e quando olho para outra pessoa, eu tenho – DEVO – reconhecer nela os mesmos princípios, atributos, características que visualizo em mim. Neste caso, somos todos cíclicos, eternos e mortais.
É na morte, nosso futuro próximo, que encontramos a afirmação mestra da vida, nosso presente imediato. Pois se onde há vida há morte, então onde há morte deverá existir, necessariamente, vida. Todos os povos conheceram esse bio-dogma – os mitos do Eterno Retorno (dilúvios, juízos finais, reencarnação/metempsicose, etc.). Curiosamente ou não, todos eles também tiveram um mitológico e/ou suposto passado idílico (Era de Ouro, Éden, Arcádia, etc.); onde está o Presente, o Filho que é o Pai, gerado pela Mãe-Consorte sob os céus arquidivinos?
Viver é aceitar todos estes valores, que são muito mais temíveis e terríveis do que penso conseguir expressar ou conceber. Viver o presente é a tarefa mais difícil possível ao Homem, pois dizer sim – aceitar – implica em negar o “não”. Nós não podemos escolher sem realizar renúncias. Por isso, finalmente, não posso fazer um trabalho sobre Nostalgia. Não quero me sentir nostálgico, porque quero meu presente comigo aqui agora, meu presente que é meu passado e meu futuro em mim que sou pai, filho, espectro e pó de mim mesmo. Dizer sim, a não-ação que atua, é confiar no Absoluto Transcendente-Imanente, Deus, Cosmos Universo, é se reconhecer como impotente perante a força da vida. Que sou eu senão tudo que vivi? Como posso fazer um trabalho sobre nostalgia, quando estou vivendo tudo e todos aqui e agora? Todo o tempo todo deste mundo templo de Deus eu abarco com meu peito em humilde memória. Se pretendo dizer sim e afirmar a potência da vida, amor fati, então preciso dizer não ao sentimento nostálgico, idealista, conservador. Pelo menos por enquanto, onde ainda me sinto ousado (leia-se jovem!) para ousar. Dizer sim é entender-se a si e a vida, o mundo como um sistema aberto, voltado à transcendência. Uma vez que o entendimento de si mesmo só se torna possível com o reconhecimento e portanto, aceitação de nossas idiossincrasias, aceitar-se, portanto, é entender a vida, uma vez que somos todos o todo.
Dizer sim.
Dizer sim é atravessar os limiares escuros carregado de dívidas existenciais, dizer sim é amar verdadeiramente: amorosamente. É desistir da pompa e da glória, é aceitar a dor sem mistificá-la. Um exercício de nobreza, dizer sim é. Um grande e longo suspiro em êxtase. Viver
Meu trabalho acabou sendo um texto, o que foi criticado de certa forma, pois um texto não tem o caráter imediato de uma obra de arte, o que eu compreendo e concordo. Eu sou um pouco preguiçoso mesmo!
Mas aqui envio o texto, para apreciação geral e etc...
Abraços,
Alexandre Marzullo
SOBRE NOSTALGIA
Começo o trabalho desculpando-me sinceramente. Sim, pois não irei conseguir realizar uma obra nostálgica ou de caráter semelhante. Não conseguirei e não quererei conseguir. Gosto de minhas lembranças? Sim. Tenho orgulho e carinho por elas? Sim. O que me impede então?
Eu me considero jovem. Tenho 23 anos, completados dia 23 de abril, e estou cursando o 5º período da faculdade de Artes. Entretanto, só passei em uma 1 matéria do 4º (fase conturbada!). Sou o primeiro de dois a vir ao mundo, tenho uma namorada e bons amigos. Minha família é pequena e tenho grandes aspirações para o futuro.
Futuro.
Futuro, presente, passado. Uns colocam o pote d’ouro à frente, outros preferem anos dourados que não voltam mais. Infância, arcádia, sucesso duradouro, dinheiro não traz felicidade mas ajuda a comprar. Tudo na base do fui e do irei; o “sou” é difícil, inconstante, evasivo. Sou implica em ser e ser pode ser lido como estar. Neste sentido, estar adquire caráter temporário, pois se estou é porque ou não estava antes ou não virei a estar depois. Ambos os raciocínios se conectam então à idéia de tempo. Mas, o que é o tempo?
Quando me lembro de determinados fatos, que me aconteceram nos anos mais jovens, não é raro sentir novamente as emoções de então. Penso também nos chamados “traumas” de guerra, as lembranças freqüentes que se freqüentam. De certa maneira, é como se, ao lembrarmos-nos, nós as revivêssemos revendo as mesmas. Me recordo, agora, de uma passagem daquele clássico livro do Arnheim (Arte e Percepção Visual), onde ele diz que ver é interpretar a realidade (algo do tipo). E interpretar é sentir. Onde está o tempo nesta equação? Quando temos acesso ao passado no presente, a partir das memórias, a linearidade temporal se dobra sobre si mesma; a ordem exata dos eventos se torna confusa e imprecisa. Com um pouco mais de introspecção, talvez ela se torne inexistente. É o que nos revela, por exemplo, o mistério da Sagrada Trindade Cristã, em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo (um ancestral sobrenatural dos mesmos, ou a essência que perpassa de geração em geração) são a mesma e única coisa. O escritor James Joyce também abordou este tema em sua obra Ulisses, onde o personagem Stephen Dedalus versa sobre o enigma de Hamlet, de Shakespeare, interpretando o fantasma do pai como um espectro do próprio filho, o qual por sua vez não era outro senão seu pai. “Trans-substanciação, consubstanciação, mas não sub-substanciação.” Neste instante, já não tenho mais 23 anos – sou intemporal, atemporal. Sou o resultado e causa da História da Humanidade, do Mundo, da Vida ( tão mortal quanto posso ser), e quando olho para outra pessoa, eu tenho – DEVO – reconhecer nela os mesmos princípios, atributos, características que visualizo em mim. Neste caso, somos todos cíclicos, eternos e mortais.
É na morte, nosso futuro próximo, que encontramos a afirmação mestra da vida, nosso presente imediato. Pois se onde há vida há morte, então onde há morte deverá existir, necessariamente, vida. Todos os povos conheceram esse bio-dogma – os mitos do Eterno Retorno (dilúvios, juízos finais, reencarnação/metempsicose, etc.). Curiosamente ou não, todos eles também tiveram um mitológico e/ou suposto passado idílico (Era de Ouro, Éden, Arcádia, etc.); onde está o Presente, o Filho que é o Pai, gerado pela Mãe-Consorte sob os céus arquidivinos?
Viver é aceitar todos estes valores, que são muito mais temíveis e terríveis do que penso conseguir expressar ou conceber. Viver o presente é a tarefa mais difícil possível ao Homem, pois dizer sim – aceitar – implica em negar o “não”. Nós não podemos escolher sem realizar renúncias. Por isso, finalmente, não posso fazer um trabalho sobre Nostalgia. Não quero me sentir nostálgico, porque quero meu presente comigo aqui agora, meu presente que é meu passado e meu futuro em mim que sou pai, filho, espectro e pó de mim mesmo. Dizer sim, a não-ação que atua, é confiar no Absoluto Transcendente-Imanente, Deus, Cosmos Universo, é se reconhecer como impotente perante a força da vida. Que sou eu senão tudo que vivi? Como posso fazer um trabalho sobre nostalgia, quando estou vivendo tudo e todos aqui e agora? Todo o tempo todo deste mundo templo de Deus eu abarco com meu peito em humilde memória. Se pretendo dizer sim e afirmar a potência da vida, amor fati, então preciso dizer não ao sentimento nostálgico, idealista, conservador. Pelo menos por enquanto, onde ainda me sinto ousado (leia-se jovem!) para ousar. Dizer sim é entender-se a si e a vida, o mundo como um sistema aberto, voltado à transcendência. Uma vez que o entendimento de si mesmo só se torna possível com o reconhecimento e portanto, aceitação de nossas idiossincrasias, aceitar-se, portanto, é entender a vida, uma vez que somos todos o todo.
Dizer sim.
Dizer sim é atravessar os limiares escuros carregado de dívidas existenciais, dizer sim é amar verdadeiramente: amorosamente. É desistir da pompa e da glória, é aceitar a dor sem mistificá-la. Um exercício de nobreza, dizer sim é. Um grande e longo suspiro em êxtase. Viver
22 maio 2008
17 maio 2008
Marta Egrejas
[pessoal... essa é a nossa primeira contribuição! É um trabalho (imagem e texto) da Marta, nossa colega da aula de fotografia. Como ela sempre traz imagens muito interessantes, nós a convidamos a publicar uma aqui. Apreciem! e obrigada, Marta! ]
Dizem que tenho muitas linhas. E que elas seguem diversas direções, muitas vezes contraditórias. Confusa? Não acho. Apenas agitada e com, talvez, uma exagerada vontade de viver tudo.
Dizem que por isso não sei o que quero. Não acho. Sei muito bem o que quero e o que não quero. E que eu não foco, que sou distraída, que me perco. Pergunto: isso é necessariamente ruim? Respondo: não.
Também dizem que não me entendem. Que eu falo uma coisa e meu corpo diz outra. Pode ser. São meus problemas de expressão. Necessito apenas de uma sintonia fina.
Não é preciso me entender.
Uma dica? É só me ver.
Dizem que tenho muitas linhas. E que elas seguem diversas direções, muitas vezes contraditórias. Confusa? Não acho. Apenas agitada e com, talvez, uma exagerada vontade de viver tudo.
Dizem que por isso não sei o que quero. Não acho. Sei muito bem o que quero e o que não quero. E que eu não foco, que sou distraída, que me perco. Pergunto: isso é necessariamente ruim? Respondo: não.
Também dizem que não me entendem. Que eu falo uma coisa e meu corpo diz outra. Pode ser. São meus problemas de expressão. Necessito apenas de uma sintonia fina.
Não é preciso me entender.
Uma dica? É só me ver.
08 maio 2008
Atendendo a pedidos...
06 maio 2008
United.
Nesse trabalho, faço uma citação ao trabalho “ technicolor’ do pintor austríaco Thierry Feuz, onde ele trata do limite frágil e tênue entre formas e cores.
Na minha abordagem, falo sobre a minha própria essência e da essência da fotografia/ imagem, transformando fotos de amigos em linhas de cores aglomeradas.
Trata-se de uma reflexão sobre as relações humanas, sobre tudo as que são feitas por escolhas livres, que proporcionam prazer e bem estar.
Na execução de United, utilizei 17 fotos de amigos queridos, achatando-as com a ajuda do Adobe Photoshop, tornando-as linhas, imagens então não reconhecíveis. Intermediei com cores secindárias e usei o preto como contraponto, como tensão entre as cores mais claras. O motivo para o uso de cores secundárias foi justamente por serem cores provenientes de misturas das cores primárias, assim como as amizades se fundamentam no envolvimento entre duas ou mais pessoas.
Na minha abordagem, falo sobre a minha própria essência e da essência da fotografia/ imagem, transformando fotos de amigos em linhas de cores aglomeradas.
Trata-se de uma reflexão sobre as relações humanas, sobre tudo as que são feitas por escolhas livres, que proporcionam prazer e bem estar.
Na execução de United, utilizei 17 fotos de amigos queridos, achatando-as com a ajuda do Adobe Photoshop, tornando-as linhas, imagens então não reconhecíveis. Intermediei com cores secindárias e usei o preto como contraponto, como tensão entre as cores mais claras. O motivo para o uso de cores secundárias foi justamente por serem cores provenientes de misturas das cores primárias, assim como as amizades se fundamentam no envolvimento entre duas ou mais pessoas.
04 maio 2008
O corte
Peço a vocês que antes de lerem o meu texto possam ver e talvez apreciar o meu trabalho acima, pois não quero deixar influencias pelo que leram. Para mim é muito mais importante que tenham as suas próprias impressões. A seguir, para quem quiser está o meu texto.
A obra que vos apresento eu mesmo – seu autor – lhe dei o título de “O corte”. Cabe a mim, que concebi a obra, explicar o que ela mostra em si, ou seja, num campo real e não semântico ou, para os que gostam de Heidegger, na terra e não no mundo. Ela consiste numa performance que culmina num vídeo que não é registro, mas também debate essa questão. O vídeo tem no máximo 50 segundos. A performance consistiu em andar por todo o lugar aonde ia durante uma semana com um curativo na face, na minha bochecha direita, molhado em iodato – o que dava a entender que havia me ferido profundamente – se me perguntassem o que havia ocorrido a resposta era simples: Um corte. Se insistissem a resposta era a mais irônica, ou sarcástica –como quiserem -possível: Feri-me num safári pela África quando 32 ninjas poloneses, clandestinamente, surgiram para caçar um dos leões.
Enfim, essa foi a performance. O vídeo consistia em um título no seu início (“O corte”) em letras brancas e um fundo preto, e uma pessoa com uma faca –eu com um cutelo- apontada e pressionada contra o rosto (é extremamente necessário que fique claro aqui que em momento nenhum eu me feri), não havendo música ou som algum durante o plano seqüência, apenas o artificial silêncio, durante todo o vídeo. No momento em que se espera que finalmente aconteça o corte em minha face acontece um corte para um tela preta e em seguida aparecem os créditos.
Pois bem, esta é a obra. A sua concepção partiu do pedido de um professor para que criássemos uma obra prima. É eu sei: uma obra prima? O que é uma obra prima foi o meu primeiro questionamento, em seguida foi o que é uma obra, depois o que é uma obra de arte, enfim o que é arte. Como percebem, e eu também percebi, é meio difícil se responder a essa(s) questão(o que eu deveria por aqui para que vocês percebam que pode ser “questão” ou “questões”?), logo, decidi por fazer uma obra e dá-la todo o meu empenho - pelo menos o mental, que para mim é o que mais vale, mesmo sabendo que não vale por ela toda – e começar a trabalhar. Toda obra de arte – disso eu já sabia quando pensava a obra – como pude perceber durante os meus estudos na faculdade parte de um princípio básico: um problema. Para que a obra tenha potência, ou seja, o poder de ser compreendida por qualquer um, o seu problema deve ser referir a algo de um cônscio geral. Qual problema? Depende do artista e de sua época. Pode ser a representação do espaço (a perspectiva no renascimento); a representação de idéias e não de meras mimeses (no tempo em que os gregos filosofavam com o Sr. Platão); a luz na pintura (os impressionistas, vide o Sr. Manet); ou a voz da arte de uma nação (a semana de arte moderna de 22); enfim, não importa a época nem se é escultura, pintura ou desenho o que importa é a potência do problema que a obra irá ferir.
Qual foi o meu problema? Amigos, foram vários. Tirando os monetários, o meu problema era o que víamos quando não víamos. Será que era preciso ver para entender ou sentir? É óbvio que não. Além desse, também decidi incluir na obra um questionamento que vem me aborrecendo durante um tempo. O problema era o corte cinematográfico. Ismail Xavier, Jean-Claude Carrière, e Bernadet – sem desmerecer ninguém, esses foram os que lembrei- entendem que a linguagem cinematográfica se diferencia, primordialmente, da teatral no que confere o nascimento do corte. Assim sendo ironizei o meu corte, o que é sugerido com a faca, com o corte cinematográfico.
Já a performance surge a partir do vídeo. Para que eu pudesse ganhar a tensão (não confundam com atenção, não foi um erro de digitação eu realmente quis dizer “tensão”) dos espectadores do meu vídeo era preciso que meu corpo correspondesse ao vídeo, as marcas que ele deixou (deixaria) em mim. Por isso, uma semana antes da apresentação do trabalho (e eu nem o tinha feito ainda) eu comecei a andar com o curativo. É claro que isso também dava um teor de credibilidade ao meu “filme” já que funcionou como uma maneira publicitária. Mas quem disse que a arte não pode ser encontrada também na publicidade?
Lembro-me agora do filme BORAT. Um filme que gerou repercussão mundial, tanto pelo teor dele quanto pela sua maneira de chamar o público. A ação publicitária consistiu no ator do filme durante um tempo viver exatamente como a personagem que interpretara, assim, muitos entenderam que o filme na verdade não era ficção e sim real. Ou seja, o ator fez uma performance.
Longe aqui de passar delongas linhas discutindo esse tema (publicidade e performance) que acho tão mais incrível que o trabalho que discuto – o meu – vou pará-lo por aqui.
Retomando:
Enfim apresentei o vídeo, muitos (a maioria) se sentiram enganados e até ofendidos, alguns ameaçaram não acreditar mais em mim, outros entenderam tudo como uma grande piada. Mas afinal de contas –pergunto eu- quem quer mentira maior que a arte? Quem de nós, que já parou para pensar um pouco sobre arte, mercado artístico ou a profissão de artista não se sentiu enganado e até ofendido, ameaçamos não acreditar mais nela ou até a entendemos como um grande piada? Não me elevo nesse discurso a um artista, e também não rebaixo a arte a minha obra, apenas abro a discussão – é o que vale mesmo, não? - .
Claro, a inúmeras falhas em minha obra e eu mesmo posso apontá-las ao espectador menos atento: Para os que não viram a minha performance a obra perde potência; ela só fala em um contexto de sala de aula e não consigo a ver falando mais que isso (a não ser pela questão do corte cinematográfico). Num todo foi um bom trabalho, e não vejo nada além disso. Obra prima? Acho que sim: enganei a todos no final das contas.
Quem quiser comentar suas impressões da obra ou o que achou do texto, fique a vontade!
A obra que vos apresento eu mesmo – seu autor – lhe dei o título de “O corte”. Cabe a mim, que concebi a obra, explicar o que ela mostra em si, ou seja, num campo real e não semântico ou, para os que gostam de Heidegger, na terra e não no mundo. Ela consiste numa performance que culmina num vídeo que não é registro, mas também debate essa questão. O vídeo tem no máximo 50 segundos. A performance consistiu em andar por todo o lugar aonde ia durante uma semana com um curativo na face, na minha bochecha direita, molhado em iodato – o que dava a entender que havia me ferido profundamente – se me perguntassem o que havia ocorrido a resposta era simples: Um corte. Se insistissem a resposta era a mais irônica, ou sarcástica –como quiserem -possível: Feri-me num safári pela África quando 32 ninjas poloneses, clandestinamente, surgiram para caçar um dos leões.
Enfim, essa foi a performance. O vídeo consistia em um título no seu início (“O corte”) em letras brancas e um fundo preto, e uma pessoa com uma faca –eu com um cutelo- apontada e pressionada contra o rosto (é extremamente necessário que fique claro aqui que em momento nenhum eu me feri), não havendo música ou som algum durante o plano seqüência, apenas o artificial silêncio, durante todo o vídeo. No momento em que se espera que finalmente aconteça o corte em minha face acontece um corte para um tela preta e em seguida aparecem os créditos.
Pois bem, esta é a obra. A sua concepção partiu do pedido de um professor para que criássemos uma obra prima. É eu sei: uma obra prima? O que é uma obra prima foi o meu primeiro questionamento, em seguida foi o que é uma obra, depois o que é uma obra de arte, enfim o que é arte. Como percebem, e eu também percebi, é meio difícil se responder a essa(s) questão(o que eu deveria por aqui para que vocês percebam que pode ser “questão” ou “questões”?), logo, decidi por fazer uma obra e dá-la todo o meu empenho - pelo menos o mental, que para mim é o que mais vale, mesmo sabendo que não vale por ela toda – e começar a trabalhar. Toda obra de arte – disso eu já sabia quando pensava a obra – como pude perceber durante os meus estudos na faculdade parte de um princípio básico: um problema. Para que a obra tenha potência, ou seja, o poder de ser compreendida por qualquer um, o seu problema deve ser referir a algo de um cônscio geral. Qual problema? Depende do artista e de sua época. Pode ser a representação do espaço (a perspectiva no renascimento); a representação de idéias e não de meras mimeses (no tempo em que os gregos filosofavam com o Sr. Platão); a luz na pintura (os impressionistas, vide o Sr. Manet); ou a voz da arte de uma nação (a semana de arte moderna de 22); enfim, não importa a época nem se é escultura, pintura ou desenho o que importa é a potência do problema que a obra irá ferir.
Qual foi o meu problema? Amigos, foram vários. Tirando os monetários, o meu problema era o que víamos quando não víamos. Será que era preciso ver para entender ou sentir? É óbvio que não. Além desse, também decidi incluir na obra um questionamento que vem me aborrecendo durante um tempo. O problema era o corte cinematográfico. Ismail Xavier, Jean-Claude Carrière, e Bernadet – sem desmerecer ninguém, esses foram os que lembrei- entendem que a linguagem cinematográfica se diferencia, primordialmente, da teatral no que confere o nascimento do corte. Assim sendo ironizei o meu corte, o que é sugerido com a faca, com o corte cinematográfico.
Já a performance surge a partir do vídeo. Para que eu pudesse ganhar a tensão (não confundam com atenção, não foi um erro de digitação eu realmente quis dizer “tensão”) dos espectadores do meu vídeo era preciso que meu corpo correspondesse ao vídeo, as marcas que ele deixou (deixaria) em mim. Por isso, uma semana antes da apresentação do trabalho (e eu nem o tinha feito ainda) eu comecei a andar com o curativo. É claro que isso também dava um teor de credibilidade ao meu “filme” já que funcionou como uma maneira publicitária. Mas quem disse que a arte não pode ser encontrada também na publicidade?
Lembro-me agora do filme BORAT. Um filme que gerou repercussão mundial, tanto pelo teor dele quanto pela sua maneira de chamar o público. A ação publicitária consistiu no ator do filme durante um tempo viver exatamente como a personagem que interpretara, assim, muitos entenderam que o filme na verdade não era ficção e sim real. Ou seja, o ator fez uma performance.
Longe aqui de passar delongas linhas discutindo esse tema (publicidade e performance) que acho tão mais incrível que o trabalho que discuto – o meu – vou pará-lo por aqui.
Retomando:
Enfim apresentei o vídeo, muitos (a maioria) se sentiram enganados e até ofendidos, alguns ameaçaram não acreditar mais em mim, outros entenderam tudo como uma grande piada. Mas afinal de contas –pergunto eu- quem quer mentira maior que a arte? Quem de nós, que já parou para pensar um pouco sobre arte, mercado artístico ou a profissão de artista não se sentiu enganado e até ofendido, ameaçamos não acreditar mais nela ou até a entendemos como um grande piada? Não me elevo nesse discurso a um artista, e também não rebaixo a arte a minha obra, apenas abro a discussão – é o que vale mesmo, não? - .
Claro, a inúmeras falhas em minha obra e eu mesmo posso apontá-las ao espectador menos atento: Para os que não viram a minha performance a obra perde potência; ela só fala em um contexto de sala de aula e não consigo a ver falando mais que isso (a não ser pela questão do corte cinematográfico). Num todo foi um bom trabalho, e não vejo nada além disso. Obra prima? Acho que sim: enganei a todos no final das contas.
Quem quiser comentar suas impressões da obra ou o que achou do texto, fique a vontade!
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